sábado, 24 de agosto de 2013

Agentes de saúde lutam pelo piso salarial

No Ceará, atuam cerca de 11 mil profissionais que dão assistência junto às famílias e no combate a endemias

Crateús. Cerca de 200 agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate a endemias (ACE) dos municípios de Crateús, Poranga, Ipaporanga, Ararendá, Novo Oriente, Tamboril, Independência, Quiterianópolis, Nova Russas, Monsenhor Tabosa e Ipueiras estiveram reunidos ontem neste município. O encontro teve como objetivo discutir as condições de trabalho da categoria e a mobilização para votação do piso salarial nacional, que será votado na Câmara Federal no próximo dia 3 de setembro. O valor deverá ser inicialmente de R$ 950.

O agente de saúde trabalha oito dias da semana e cria vínculo com as famílias que atende. Eles querem melhorias salariais FOTO: MELQUÍADES JÚNIOR
"Estamos fazendo uma mobilização em todo o País como nunca fizemos. A nossa luta é antiga e, além de outras metas, busca regulamentar o nosso piso salarial. Aqui nessa região estamos mobilizando o maior número de profissionais para esse momento histórico da categoria", destacou a vice-presidente da Confederação Nacional das Agentes Comunitários de Saúde (Conacs), Ilda Angélica, agente de saúde no município de Maracanaú.

De acordo com a Confederação, a categoria esteve na semana passada em Brasília, já mobilizada para acompanhar a regulamentação a emenda constitucional 63, de 4 de fevereiro de 2010, que dispõe sobre o regime jurídico, o piso salarial, as diretrizes para os planos de carreira e regulamentação das atividades dos agentes comunitários e de combate às endemias. Foi recebida pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que garantiu apoio à pauta da categoria.

A proposta é que vá uma caravana composta por mais de 5 mil profissionais da categoria de todo o País para a Câmara Federal no dia 3 de setembro. "Queremos unir forças para a aprovação dessa luta pelo piso, que reivindicamos há muitos anos", declara Angélica.

No País, são mais de 300 mil agentes comunitários de saúde e 100 mil agentes de endemias, profissionais que compõem a atenção básica de saúde e atuam na base do sistema. O exercício de suas atividades está dentro do contexto de prevenção de doenças e promoção de saúde, mediante ações domiciliares ou comunitárias e são supervisionados pelo município.

No Ceará, Estado onde nasceu o agente comunitário de saúde em 1987, em um programa criado pelo médico Carlile Lavor, que depois se expandiu pelo Brasil, há em torno de 11 mil profissionais. Na capital Fortaleza está concentrado o maior número de agentes de saúde, em torno de 3 mil profissionais.

Os dados são da Frente Parlamentar em Defesa do ACS e ACE, presidida pelo deputado federal Raimundo Gomes de Matos, que é o autor da Emenda Constitucional 63, que regulamenta o piso salarial das duas categorias. O deputado esteve no encontro, prestando informações e mobilizando as categorias em Crateús.

Para a presidente da Associação dos Agentes Comunitários de Saúde de Crateús, Rojânia Márcia, a luta de mais de cinco anos da categoria vai se tornar realidade.

"Além do piso salarial nacional, devem ser definidas as nossas ações de forma bem concreta. Acompanhamos todos os programas informando e promovendo saúde junto às famílias que assistimos, mas há agentes de saúde que não conseguem dar conta do trabalho porque ficam sobrecarregados. Cada um de nós é para atender entre 150 e 200 famílias e ocorre de muitos terem que atender 400 famílias", ressalta Márcia.

Em Crateús, segundo a Associação são 168 agentes comunitários de saúde e 70 agentes de endemias, que atuam junto às equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF).

Para Manoel Nascimento, presidente da Associação dos Agentes de Saúde de Monsenhor Tabosa, o agente de saúde cria vínculos com a família e trabalha bem mais do que o previsto por lei (40 horas semanais).


SILVANIA CLAUDINOREPÓRTER 
http://diariodonordeste.globo.com/

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