sábado, 2 de maio de 2015

Estudo avalia o preparo de agentes de saúde para tratar tuberculose

Por Carolina Medeiros, repórter e pesquisadora do Divulga CiênciaPublicado na revista eletrônica de jornalismo científico ComCiência
bacilo de koch
Bacilo de Koch, espécie de bactéria patogênica na família
 Mycobacteriaceae, e o agente causador da maioria dos casos
de tuberculose. (Crédito: Instituto de Ciência)

Um estudo publicado na Revista de Saúde Pública da USP testou o nível de conhecimento de agentes de saúde em relação ao diagnóstico e tratamento da tuberculose. Foram analisadas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Natal (RN), Cabedelo (PB), Foz do Iguaçu (PR), São José do Rio Preto (SP) e Uberaba (MG).
A pesquisa, feita em 2011, envolveu 1.037 profissionais e avaliou os seguintes fatores: a capacitação para diagnosticar a doença, o acesso aos registros médicos dos pacientes, o material para a realização de exames e tratamento, a articulação com outros setores de saúde e o envolvimento dos profissionais com o tratamento.

A capacitação dos profissionais foi o item com desempenho mais baixo na avaliação, e apenas 56% deles foram considerados aptos para identificar e diagnosticar corretamente a doença.No que diz respeito ao acesso a instrumentos de registros dos pacientes, 72% dos profissionais atestaram ter essa condição. Já no caso dos índices de envolvimento com o atendimento e a articulação com outros níveis de atenção, os valores apontados pelo estudo são de 84,2% e 85,8%, respectivamente.
O índice com melhor desempenho foi o de disponibilidade de insumos (92,2%). No entanto, a pesquisa destaca que essa quantidade não foi suficiente para garantir que todos os serviços de saúde dispusessem dos materiais necessários ao tratamento da tuberculose. Em muitos postos, a quantidade de vacinas é inferior ao número de crianças que precisam ser vacinadas.
Essa é a realidade de cidades como Imperatriz, no interior do Maranhão. Desde novembro do ano passado, os estoques da vacina Bacillus Calmette-Guérin (BCG) caíram pela metade em todas as 42 UBS. Sua aplicação é indicada para todas as crianças quando completam um mês.
Atentos a isso, os pesquisadores também fazem a ressalva de que o número de mortes por tuberculose não deve ser associado apenas aos fatores observados na pesquisa. Condições ambientais, de saúde e higiene, e falta de vacinação na infância, por exemplo, são fatores externos que podem influenciar nas estatísticas.
É o caso do estado de Rondônia, que registrou em 2012 o maior índice proporcional de mortes em decorrência da doença no país. Com a cheia do Rio Madeira, muitas pessoas ficaram desabrigadas e alojadas em lugares pequenos e sem ventilação, o que pode ter contribuído para a maior contaminação. O município de Porto Velho apresentou os maiores índices de tuberculose em todo os estado, com mais de 300 casos no ano. Entre 2009 e 2014, foram diagnosticadas com a doença 2,179 mil pessoas.
Embora os índices pareçam preocupantes, o Ministério da Saúde defende que o país tem avançado. Segundo dados do ministério, ao longo dos últimos 10 anos, houve queda de 20% no número de casos. Ou seja, enquanto em 2003 registravam-se 44 casos para cada 100 mil habitantes, em 2013 foram uma média de 35 casos para cada 100 mil habitantes.

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